uma dúvida quantitativa

uma puta vizinha deste sacolão, sacuda de tudo, propôs o seguinte enigma filosófico-linguístico da língua vrasileira, que é a que usamos nesta mais ou menos humilde seção da interney: possivelmente tem uma probabilidade menor de acontecer, enquanto provavelmente tem uma possibilidade maior de acontecer.

ora, é provável que possivelmente tenha probabilidade de ter ocorrências, enquanto provavelmente tem alguma possibilidade de ocorrer, muito embora, na possibilidade em que usamos provavelmente, possivelmente não é usado, enquanto que na probabilidade de uso de possivelmente, provavelmente não será usado. sendo assim, a possibilidade é menos provável que a probabilidade e a probabilidade é mais possível que a possibilidade. mas será possível? é provável. ou não.

na impossibilidade de chegar a uma probabilidade mais ou menos precisa, deixamos tudo como está. noves fora para o fim do mês carnavalesco do ano mais lgbt desta terceira milênia que se inicia, na parte sul da bruzundanga, assina, possivelmente, valeria messalina, que provavelmente está muito criativa na base da influência das colegas de trabalho, às quais agradecemos, sem citar nomes porque provavelmente esta puta é sigilosa.

apelo contra as queimadas ou triálogo sobre umidificação e ressecamento vrasileiros

[Cenário: Num boteco de esquina, se reúnem três pirañas nacionais para discutir a crise de umidificação e o ressecamento no Vrasil contemporâneo.]

Piraña 1: (inflando as abas do nariz) Sinto que o ar está mais seco do que as tumbas do Egito. Vocês perceberam?

Piraña 2: (com um assovioso suspiro) Sem dúvida. As saudades que tenho do Tietê aumentam a cada dia. Acho que o esgoto cheio também está sentindo falta da gente.

Piraña 3: (enquanto passa creme nas mãos) É verdade, meninas. Estamos vivendo em um Vrasil cada vez menos umedecido. Isso me lembra da nossa proposta revolucionária: o Manifesto pela Umidificação Nacional™.

P2: (sorrindo) Aquela ideia de tossir e espirrar para o alto, sem máscaras, para aumentar a umidade. Sensacional, não?

P1: (com um riso) E pendurar roupas molhadas nos varais para provocar uma chuva coletiva. Uma celebração aquática poderosa!

P2: (erguendo uma sobrancelha) Que tal ir até os lugares cobertos de água e jogar água para cima? SPLASH! Uma chuva democrática e solidária.

P3: (meneando com a cabeça) Concordo. Precisamos ser proativas. O governo propõe máscaras, mas nós podemos dobrar a meta. Quem sabe, transformar o Dia da Tomada de Providência em feriado nacional.

P2: (pensativa) Vocês acham que as pessoas vão aderir? Parece pouco surreal.

P1: (sorrindo) Acho que precisamos de surrealismo para tirar todas da seca. Joan Willians aprova nossa mensagem de umidificação nacional, afinal.

P2: (rindo) Não podemos esquecer da nota de interpretação: “Usem máscaras, seus canhotos”. Ninguém quer causar problemas coletivos de saúde.

P3: (levantando um copo de plástico) Ao Manifesto pela Umidificação Nacional™! A solução menos inoportuna para o ressecamento contemporâneo.

P2: (erguendo seu copo também) À umidade, à chuva, e a um Vrasil menos sedento!

P1: (séria) Como já disse o Carão, se eu disser foda-se, a plateia toda se foderia.

[As três brindam com seus copos de plástico, enquanto a placa do estabelecimento cai. Luzes apagam.]

autocrítica fleumática da leitora apática deste projeto desagradável

Vamos a ela. Os textos de Sacolão Incorporações são excessivamente autoindulgentes e pretensiosos. A constante vontade de usar sátira e humor duvidoso para criticar tudo e todos é cansativa e não surte o impacto desejado, que é nulo pela falta de aporte financeiro em propaganda.

A abordagem das autoras quer ser sarcástica, o que pode alienar potenciais leitoras, tornando os textos inacessíveis para aquelas que estão atrás de textos simples e diretos sobre temas aleatórios. Vale ressaltar que não temos paciência para quem está começando, tampouco para quem está terminando.

A rebelião contra normas estabelecidas, oficiais e estilísticas, parece mais uma pose do que uma crítica substancial por parte das putas que escrevem nesta pocilga literária, considerando o uso culto da língua e do idioma também. Fica a critério.

Em alguns casos, a suposta irreverência ofusca a mensagem, resultando em uma leitura que parece mais preocupada em ser excêntrica do que em transmitir algum legado para a literatura deveras estadual (porque estadual é o meio do caminho entre nacional e municipal, portanto mediana e medíocre). Sendo assim, não há uma crítica construtiva e as autoras estão nem aí, porque aqui ninguém fez curso de pedreiro.

A falta de objetividade e coesão nos argumentos pode ser uma escolha estilística, isso não vem ao caso. Importa evidenciar que a postura deixa as leitoras perplectas quanto ao propósito real dos textos, que é nenhum.

A crítica sistemática a elementos da cultura escrita e visual é um artifício repetitivo, deixa a sensação de que a crítica é uma muleta estilística (com todo respeito aos usuários de muletas), o que é verdade.

Qualquer reflexão substancial sobre a linguagem e sobre os fatos literários é pura coincidência, porque é exatamente este o propósito: não ter propósito. Um objetivo singelo e rastreável está anotado, a saber: encher a internet de linguiça. Neste quesito estamos tendo sucesso.

Em síntese, esta é uma crítica desfavorável aos textos de Sacolão Incorporações, que se concentra na percepção de que a sátira excessiva e a rebelião constante podem obnubilar a substância (seja lá o que isso significa) e afastar potenciais leitores (we just don’t care) que estejam em busca de uma leitura agradável e fácil. Para as autoras, isto é um elogio, posto que Sacolão é um projeto bem acabado, porém desagradável.

Sem mais, é o parecer.

Messalina, pão e vinho, direto do olho de turrabão.

ontologias do casório estatal e do vestuário geral e específico de pernas

segundo uns textos da internet, um sujeito aí tinha uma lista de etapas para derrubar o “inimigo” via propaganda (estatal, é claro, mas perfeitamente adaptada à pós-modernidade televisiva do capitalismo em ruínas).

ele copiou a lição dos “princípios da rede groebels” de alguma página no google e fez um discurso péssimo sobre a cultura nacional como se estivesse na alemania dos anos 1930. o texto abaixo não tem um link para um documentário nem trata sobre estes canalhas em particular, dado que temos encontrado até o momento apenas os neurônios da cabeça desta escrivã de onde saíram esses digitados materiais (afinal, a internet é um oceano de ctrl+c e ctrl+v, interlínguas inclusive). a verossimilhança com os almanaques de variedades é mera coincidência. vamos aos fatos da língua (e do idioma também).

coube versar, em uma noite de alegria num baile da mui amada e centenária sociedade beneficente sediada em curitiba, sobre como se deveria designar, para determinados fins, a nomenclatura oficial para a pessoa que, não ocupando cargo nenhum, está numa posição tal que, assim gostamos de tratar, é considerada uma grande dama deveras nacional em razão de seu casório com a pessoa que ocupa o cargo presidencial e assim sucessivamente.

calha que a primeira delas já está assim designada, primeira dama. a atual, inclusive, reconhecidamente e sem ocupação de cargos ou recebimento de salários, salvou o vrasil dos birolentos cagalhões que invadiram os palácios do povo vrasileiro num dia qualquer de janeiro. registre-se o agradecimento deste sacolão à dona janja. muito nos admira que, até agora, não se tenha discutido sobre os pronomes de tratamento de dona geralda. segue dissertação.

se a primeira-dama é assim reconhecida pelos populares em decorrência de sua posição na escala das damas, de que modo devemos falar da dama com quem é casado o substituto eventual do presidente? sendo ele vice, uma possibilidade é que chamemos dona geralda de vice-primeira-dama, na medida em que ela se torna assim a substituta eventual da primeira caso esta última acompanhe o cônjuge em seus afazeres internacionais.

outra sugestão possível é que, sendo dona geralda casada com o segundo homem do escalão pátrio, ela seria a segunda-dama, considerando a hierarquia dos postos deveras nacionais. mas isso pode confundir as leitoras, dado que o termo não se aplica apenas às damas, mas ao conjunto matrimonial, no que se refere à ocupação de postos em substituição eventual, de modo que poderia ser vista como aquela que, na ausência da primeira, assume o cargo de primeira, o que, sabemos, não está permitido no quadro jurídico-religioso da naçã.

por fim, é aventada a nomenclatura de primeira-vice-dama, considerando a posição exclusivamente referente às damas e seus afazeres na esfera do primeiro-damismo, uma questão fundamental para diversos assuntos, em especial aqueles relacionados aos papéis históricos destas mulheres em matérias sociais e afins. esta solução, contudo, ainda mantém a ambiguidade quanto à formalidade da posição do cônjuge.

sabemos também que, mesmo não se aplicando ao atual estado das coisas, poderia ser o caso em outros casos em que tinha um caso no meio do caminho. mas isso não vem ao caso e não se aplica nestas circunstâncias. a querela não está encerrada, pelas vicissitudes de ser vice e pela monogamia compulsória declarada pela república. portanto, aceitamos sugestões, que podem ser enviadas por carta, telegrama ou mensageiro.

no mesmo diapasão, outra questão se coloca no âmbito das ontologias. trata-se da nomeação das vestimentas e pode ser mais ou menos colocada da seguinte maneira: o conjunto de vestes especialmente manufaturado para uso nas pernas, quando separado, é conhecido pela alcunha de meias.

quando manufaturado em peça única, é chamado de meia-calça, o que pode gerar confusão, dada a questão quantitativa referente à palavra meia, que se refere à metade da cobertura do membro que a meia reveste. por isso, é ontologicamente inadequado o nome para algo que não está pela metade, mas sim no todo, ou seja, é uma calça.

ora, sendo a calça um tipo específico de indumentária, se for cosido para servir de meia, o mais adequado é chamar este item do vestuário de calça-meia, o que resolve somente a questão do formato, mas não da cobertura corporal, que é inteira em relação ao item anatômico para o qual a peça é feita, isto é, em relação à perna.

do contrário, pode ocorrer uso socialmente questionável de meias-calças arriadas, embora isso ocorra com frequência, em especial quando considerada a hipótese de as roupas em geral servirem de pretexto para alguém retirá-las e não o oposto.

sendo assim, a meia não é meia, mas inteira. uma calça inteira, por sua vez, corresponde a exatamente o que esta designação indica e não à vestimenta interna que enseja o debate.

portanto, é seguro asseverar que meias-calças não existem ou devem ser chamadas pelo que são, calças-meias, o que é igualmente inexistente, pensando na sua cobertura completa, o que nos leva a retornar ao início da discussão. sem meias-palavras ou palavras-meias, mas certamente com palavras-calças.

Ass.: Valeria Messalina, a que não usa lingerie nem calças-palavras.

repertório

leitora alfabetizada em sacolão reconhece este padrão.

introducinha

imagine o chão de um ônibus. se você lembrar que existe um relevo no piso (que tem finalidades importantes para a física do busão), que o relevo do piso tem um padrão de formas paralelas e perpendiculares entre si, que formam um tabuleiro de xadrez estilizado e que, por estas características, tem a aparência de algo muito difícil de limpar, então você tem repertório.

1. repertório e sacolismo

desde tempos memoriais e de outrora, temos deixado registros da nossa delével presença e feitos na face desta astronave desgovernada que habitamos. seriam tempos imemoriais se não tivessem registro, ainda que a gente lembrasse individual e coletivamente. como isso não vem ao caso, vamos aos factos.

alguma vez na sua vida você se sentiu como uma sacola plástica? provavelmente não, sabendo que a sacola vai ter uma vida maior que a sua, embora você possa imaginar isso usando suas sinapses. também já está na hora, pois você será lembrada na escrita da história do futuro especialmente por tudo que deixou para as gerações vindouras e sucedentes, especialmente pelas sacolas.

2. parágrafão de desintoxicação e revelação de efeitão nocivão

sacolão tem noção da propagação sem noção e da destruição de tartarugão. consideramos uma ofensão ao ambientão o desperdício de sacolão com dispensação no lixão.

a recomendação, portanto, reside na produção e reprodução massiva de sacolão, sem moderação.

desdobramentos da recomendação para otimização de resultados consiste em que produção de sacolinha, sacola e sacolão e respectiva reprodução sejam redirecionadas tão somente para a manutenção da escrevinhação.

3. tudo que tá escrito

defendemos que tudo que tá escrito seja assim na forma de sacola. se o textico for maior, sacolão. de menor, sacolinha.

também sugerimos revisão da abnt que regula o formato e o material dos livros e respectivas folhas, que precisam mudar de nome para sacolivros e sacolhas. ou não.

apesar da dificuldade de manuseio das sacolhas em um sacolivro para acessar os texticos, será providencial a manutenção das alças, preservativo memorial da função primordial do sacolão, da sacola e da sacolinha, que consiste em ser portadora das coisas, não necessariamente suas, fica a critério.

existe quem seja contra e fala mal do sacolão. mas o sacolão… o sacolão… sacolão é uma experiência estética desagradável, porém bem acabada. e vai durar enquanto existir internet. menos que uma sacola no ambiente.

conclusinha

somente uma sacola pode salvar sacolão e, de quebra, salvar a Terra da catástrofe ambiental, afetando especialmente as prezadas leitoras. neste sentido, recomendações extraordinárias são necessárias, como a criação de um programa do governo federal para alfabetização de tartarugas (e quem mais assim se identificar) em sacolão. porque aqui não é romance.

ass.: lina, indignada com o supremo e com tudo.

Faz o que tu queres sem ser um tecnocrata

Professora Conceição apavorando jornaleiros na rodinha deles em Piratininga, 1995.

No dia em que a Terra parar,
quero que pare perto do bar.
Você que é jovem, revolucionário, pesquise Maria da Conceição Tavares.

Um oferecimento educacional e doutrinário de Sacolão Incorporações.

dicionário ilustrado (sem a parte das figurinhas)

clíster: s.m. introdução de líquido nos intestinos por meio de seringa; lavagem intestinal

(sacolística) o mesmo que chuca (s.f.), enema (s.m.). cf. água de chuca.

ass.: Valeria Messalina