apelo contra as queimadas ou triálogo sobre umidificação e ressecamento vrasileiros

[Cenário: Num boteco de esquina, se reúnem três pirañas nacionais para discutir a crise de umidificação e o ressecamento no Vrasil contemporâneo.]

Piraña 1: (inflando as abas do nariz) Sinto que o ar está mais seco do que as tumbas do Egito. Vocês perceberam?

Piraña 2: (com um assovioso suspiro) Sem dúvida. As saudades que tenho do Tietê aumentam a cada dia. Acho que o esgoto cheio também está sentindo falta da gente.

Piraña 3: (enquanto passa creme nas mãos) É verdade, meninas. Estamos vivendo em um Vrasil cada vez menos umedecido. Isso me lembra da nossa proposta revolucionária: o Manifesto pela Umidificação Nacional™.

P2: (sorrindo) Aquela ideia de tossir e espirrar para o alto, sem máscaras, para aumentar a umidade. Sensacional, não?

P1: (com um riso) E pendurar roupas molhadas nos varais para provocar uma chuva coletiva. Uma celebração aquática poderosa!

P2: (erguendo uma sobrancelha) Que tal ir até os lugares cobertos de água e jogar água para cima? SPLASH! Uma chuva democrática e solidária.

P3: (meneando com a cabeça) Concordo. Precisamos ser proativas. O governo propõe máscaras, mas nós podemos dobrar a meta. Quem sabe, transformar o Dia da Tomada de Providência em feriado nacional.

P2: (pensativa) Vocês acham que as pessoas vão aderir? Parece pouco surreal.

P1: (sorrindo) Acho que precisamos de surrealismo para tirar todas da seca. Joan Willians aprova nossa mensagem de umidificação nacional, afinal.

P2: (rindo) Não podemos esquecer da nota de interpretação: “Usem máscaras, seus canhotos”. Ninguém quer causar problemas coletivos de saúde.

P3: (levantando um copo de plástico) Ao Manifesto pela Umidificação Nacional™! A solução menos inoportuna para o ressecamento contemporâneo.

P2: (erguendo seu copo também) À umidade, à chuva, e a um Vrasil menos sedento!

P1: (séria) Como já disse o Carão, se eu disser foda-se, a plateia toda se foderia.

[As três brindam com seus copos de plástico, enquanto a placa do estabelecimento cai. Luzes apagam.]

Norma

um dia vão escrever a biografia de Norma. por praxe, começando no nascimento da Norma, talvez nas circunstâncias de sua concepção ou ainda pelos antecedentes de sua existência. pode ser que façam que nem o cara que escreveu o retrato autobiográfico quando morto. às vezes a Norma é um pouco autocentrada, mas jamais retrocede. a história, que está ou não escrita, já deixou anotado numa nota de rodapé algo sobre a impossibilidade factual do acesso ao passado. todavia podemos lançar ontem o texto de hoje na plataforma da internet e isso tem uma explicação muito simples: o calendário do Gregório é uma ficção seriada de longuíssimo prazo. repara que alguns povos fizeram uma tabelinha que tinha começo, meio e fim, mais coesa e bem acabada, porém desagradável. a não ser que seja provado que na galáxia que chamamos lindamente de Andrômeda, por exemplo, também exista uma unidade de tempo chamada sábado, por enquanto esta modalidade de contagem, absolutamente terrânea, sói estar na configuração de movimento da astronave sem piloto que nos carrega para lugar desconhecido. adotemos, quem sabe, conforme a expectativa de vida sobe, o calendário chinês. facilita porque o signo passa a ser anual, mas estraga a temporada do signo mensal porque passa a ser anual. resta saber se os chineses também resolveram interpretar que havia, nas coisinhas brilhantes no céu da noite, qualquer semelhança com as formas de seres da Terra. por Norma, vamos assumir que não. tem também que a Norma nem sempre está aí para o jogo do bicho. muito pelo contrário. no zodíaco do botânico carioca, apenas o bicheiro leva vantagem.

ass.: lina, terrática porque não lunática.

as recadas paroquiais de Koranbangrê

Pinguela na Guaiciara com a Pitanga

as edis de Koranbangrê encaminharam uma dezena de recadas paroquiais à intendente deveras municipal, começando por quem vem primeiro ou por quem escreveu.

a recada protocolada e protocarimbada pela edilícia-mor, Edy Clubber (LSD) demandou a troca da pinguela da Guaiciara com a Pitanga por uma obra de alvenaria, na bairra com radinha. “a vilania cancloma mais espaça para encher de nada e automóvelas naquela sonora divisã intramunicipala”, argumentou a corajosa.

Malha Shady (VHS) e Dercy Guiné (VHF) canclomam na paróquia que a Ki-suko (Kompanhia Interbairros de Serviços e Urbanização de Koranbagrê) proceda a profilaxia, maquiagem e harmonizaçã facial da praça do Paço Deveras Autárquico e Municipal (PADAM). solicitam, outrossinha, retoque e aplicaçã localizada na parquinha e ponhaçã da segunda palanque de dependurar rede, que só tem uma lá (como que dependura rede, daí?). a dupla baseia sua recada paroquial na preocupaçã estética com a espaça pública e também porque tem quermesse e é onde acontece as festas da Consciência Negra.

já Farcia Carteira (PEGAESSA) requereila (caprichei aqui) a capinagem da cemitéria de matinhas (também não entendi, mas como ela é cabeleileila-leila, pode ser alguma campanha nova da Jaquiti), na beira da estrada Gayracá. também querela (ou quer ela) uma passarela (aloka) na esquina da Marechala com a Tancreda. “onde não tem quebra-mola, bee, as mona racha a cara na Jaguara veloz. várias acidentas já aconteceram na cruzamenta”, lamenta.

Jaburu da Crossfox (QRB), da partida invejosa, também quer ela sua própria quebra-mola, na esquina da Comendadora Norberta com a Engenheira A. Rebouças, na Santa Cruza (coincidentemente onde ela mora). “esta é uma reivindicaçã legítima das quatro rodas da minha crossfox”, revela a edi-vilã.

Vila Obrera

a vice-edilícia, Aursa Horsa (PSS) encaminhou duas recadas da Vila Obrera: instalaçã de uma ponta de ônibas na Catanduva, na porta da Igreja. emenda ela uma lombada na Dona Anastácia (ah, pronto, todas quer a lombada delas agora). tal indicaçã resulta das pedidas da comunidade feitas pela Aursa. “quando Estive na quebrada, as Cinderela repassaram todo o B.O. e botei meu nome na rodinha, pra negociar com a intendenta a atendimenta de ambas”, termina Horsa.

Minta Roseira (OSPB), solicita uma cerca na cemitéria (de novo, caraca!) Santa Antônia, na vila obrera . segunda ela, a recada justifica por ser lá uma “Campa Santa”, local em que muitas mantêm uma relacionamenta espiritual com familiares e amigues (e um relacionamento abusivo com o lençol freático). “também evita ou minimiza a saída ou a entrada de almas penadas sem controle dos porteiros”, avisa Minta.

Cleita Tamanqini (TCC) requereila profilaxia e cauterização das bocas de loba da Dalva Bibas Bulle e Agenora Maciela Bibas, da bairra Ládão-KaMinha, para a devida desobstruçã e arejamento da buraca. “a entupimenta das galerias pluviais é uma constanta, por conta da acúmula de resíduas sólidas não recicladas, indevidamente acondicionadas lá e não colocadas de maneira segura, adequada e lubrificada para a devida recolhimenta”, hablou.

Tamanqini também é autora de uma segunda recada paroquial, requereila cascalhar a estrada Santa Carlota, Alta da Ria das Mortas, só pela nomenclatura mesma (sem noçã).

sem mais. eilas.
messalina.