Movimento Antropogórfico

Pombas são animais domésticos abandonados, disse a internet e nós concordamos.

Churrasco de viúva. Um churrasco feito pela viúva ou feito de viúva, ou ainda um churrasco em homenagem a uma viúva.

De repente, sabe-se que o Sacolão Incorporações tem tido variações, pelo critério do contraste ou, em outras palavras, pela relação presença-ausência em sua terra natal, a capital da Requiânia, que só é capital e só é da Requiânia em castigo à terra com nome de santo, tão rica e tão onerada pelo restante do Vrasil, coitada.

Por isso, Sacolão, uma unidade vocabular que pode ser dividida em três sílabas, esteve na sua completude apenas e tão somente no ato de criação e meses subsequentes, estando apartada no restante dos dias. Considerando apenas a presença-ausência em relação à capital da Requiânia, conforme mencionada acima, podemos fazer umas continhas silábicas explicativas, que vão em parágrafo curto abaixo.

Se considerarmos a seguinte fórmula: sa(salomé)+co(messalina)+lão(babilônia), relacionadas à variável Careq(capital da Requiânia), a primeira composição presença-ausência foi confirmada com a ida de sa para as triplas terras da beirada da Requiânia, deixando apenas colão na Careq. Em seguida, co foi para o Desterro, ficando apenas lão na Careq. Depois, retorna-se o colão na Careq, após temporada geral e específica da parte de co em Alhures. Resulta que sacolão na Careq tem sido uma difícil tarefa para esta mui bem acabada e pós-moderna, porém desagradável, incorporação.

Quando, na ocasião do retorno – breve – de sa na Careq, co retorna a Alhures, resultando, então, salão na Careq. Até agora, apenas lão esteve constante na fórmula, o que não quer dizer absolutamente nada, dado que Careq é apenas uma referência para este texto, que foi produzido nesta localidade.

Curiosamente, um plano antigo de sacolão na Melífera Ilha foi concretizado igualmente parcialmente, sendo que, na ocasião, houve apenas saco na Melífera. Aguardamos novas novidades para a concretização deste sueño requiânico.

A respeito da escola artístico-política que dá título ao presente texto, informamos que: o Movimento Antropogórfico surge como uma resposta às preocupações sobre o papelzinho, que é o que faz mal, tanto do ponto de vista político quanto artístico, como se fossem coisas que podem ser separadas. A escola antropogórfica tem como objetivo a destruição da relação entre humanos e seu ambiente, incentivando a natureza e outras formas de vida contra os antropos em geral e específicos também.

Das razões para um movimento tal qual o Antropogorfismo:

  1. Sustentabilidade e preservação ambiental: O Movimento Antropogórfico reafirma que existe e está posta a crise ambiental global, os danos irreparáveis causados pelos antropos e tudo mais. As putas desse movimento defendem pautas mas não usam cadernos pautados, porque o que faz mal é o papelzinho.
  2. Justiça social e equidade: O ideal antropogórfico reconhe as comunidades marginalizadas como centrais, os efeitos negativos dos antropos como prejudiciais e tudo mais.
  3. Exploração da natureza e das coisas: Obras e pessoas antropogórficas desafiam as concepções tradicionais de papel e papelzinho, colocando tudo no mesmo balaio, o de lixo.
  4. Consciência da arte: A arte do Movimento Antropogórfico não está disponível nas melhores lojas, nem nas piores, porque não existe.

Em suma, ninguém está convidado para participar do Movimento Antropogórfico pelo simples motivo de que sua premissa é o fim, dada a iminência fatual do clima climático fatal. Mas, para o churrasco de viúva, talvez.

V. M.

autocrítica fleumática da leitora apática deste projeto desagradável

Vamos a ela. Os textos de Sacolão Incorporações são excessivamente autoindulgentes e pretensiosos. A constante vontade de usar sátira e humor duvidoso para criticar tudo e todos é cansativa e não surte o impacto desejado, que é nulo pela falta de aporte financeiro em propaganda.

A abordagem das autoras quer ser sarcástica, o que pode alienar potenciais leitoras, tornando os textos inacessíveis para aquelas que estão atrás de textos simples e diretos sobre temas aleatórios. Vale ressaltar que não temos paciência para quem está começando, tampouco para quem está terminando.

A rebelião contra normas estabelecidas, oficiais e estilísticas, parece mais uma pose do que uma crítica substancial por parte das putas que escrevem nesta pocilga literária, considerando o uso culto da língua e do idioma também. Fica a critério.

Em alguns casos, a suposta irreverência ofusca a mensagem, resultando em uma leitura que parece mais preocupada em ser excêntrica do que em transmitir algum legado para a literatura deveras estadual (porque estadual é o meio do caminho entre nacional e municipal, portanto mediana e medíocre). Sendo assim, não há uma crítica construtiva e as autoras estão nem aí, porque aqui ninguém fez curso de pedreiro.

A falta de objetividade e coesão nos argumentos pode ser uma escolha estilística, isso não vem ao caso. Importa evidenciar que a postura deixa as leitoras perplectas quanto ao propósito real dos textos, que é nenhum.

A crítica sistemática a elementos da cultura escrita e visual é um artifício repetitivo, deixa a sensação de que a crítica é uma muleta estilística (com todo respeito aos usuários de muletas), o que é verdade.

Qualquer reflexão substancial sobre a linguagem e sobre os fatos literários é pura coincidência, porque é exatamente este o propósito: não ter propósito. Um objetivo singelo e rastreável está anotado, a saber: encher a internet de linguiça. Neste quesito estamos tendo sucesso.

Em síntese, esta é uma crítica desfavorável aos textos de Sacolão Incorporações, que se concentra na percepção de que a sátira excessiva e a rebelião constante podem obnubilar a substância (seja lá o que isso significa) e afastar potenciais leitores (we just don’t care) que estejam em busca de uma leitura agradável e fácil. Para as autoras, isto é um elogio, posto que Sacolão é um projeto bem acabado, porém desagradável.

Sem mais, é o parecer.

Messalina, pão e vinho, direto do olho de turrabão.

Relato sucinto a respeito do fundador da Requiânia sob o olhar do vigia

Renato Requilídio: criticou o vigente regime da Bruzundanga desde tempos que viúvas chamam de outrora, afirmando que nós bilitareos no poder causamos todos os males políticos, sociais e econômicos com que deparamos em qualquer circunstância. ele abominou nosso acordo com o Fundo Mó Otário Intolerável (FUMOI).

Requiles disse que continuamos a ser passados para trás, colonizados, até pelo estadunidos. prega que o povo se organize e vamos galera classes populares, bora reformas da providência, trabalhista, agrária, financeira e tributária e o direito de greve.

Requiliano insiste na luta pela democracia representativa (pra você ver), através da organização partidária (vai que pega no olho), que não deixa a democracia ficar nas mãos de um único líder carismático (quantos líderes carismáticos fazem uma democracia representativa? uma democracia representativa de líderes carismáticos representa os não carismáticos? amanhã, no sacolão repórter, fique conectado).

Requibaldo desde cedo falou mal da proposta da frente ampla do petê, que, para ele, não é muito ampla, nem muito pra frente, posto que exclui liberais e as pequenas e médias empresas e o escambau.

Requisberto é contra a colocação do sindicalista que falou antes dele no que se refere (em sotaque bem paranaense) à ascensão ao poder pelo proletariado, tendo em vista que para ele está suave, está favorável a legalização de todos os partidos clandestinos, para que atuem clandestinamente junto às classes populares sem impedimentos.

Requintino disse tudo isso para estudantes universitários.

chama o bedel!

escribas da internet na luta pelo preservativo internético ou uma cópia descarada porém moral com fins de espalhar a palavra e docu mentar o sacolismo

Pena que não é de dinheiro.

Neste caso, é sobre preservativos. Aqui vai um, deste tópico assaz porque deveras relevante, posto que assunto do maior interesse da população geral e também da específica, que é o

MANIFESTO PEGACIONISTA

Depois da fragmentação do sujeito só sobraram os corpos. O sujeito tem de ruir para aparecer o corpo.

(deontologia)

Regra número um do pegacionismo: na dúvida, pegue.

Regra número dois do pegacionismo: pegue, mas não se apegue.

Corolário da regra número dois – sem compromisso.

Regra número três do pegacionismo: Mais vale pegar que tropegar.

(descrição)

O pegacionismo é uma teoria inclusiva, quem tiver dando mole, vamos incluindo.

O pegacionismo é um movimento com conteúdo.

O pegacionismo é leveza com pegada.

O pegacionismo é um fato consumado.

O pegacionismo é a melhor, e mais gostosa, resposta para o ceticismo.

(Conferir supra a regra número um, segundo a qual “na dúvida, pegue”.)

O pegacionismo é formador: desde a infância brincamos de pega-pega.

O pegacionismo é pragmático, se pegou, tá valendo.

O pegacionismo é mais profundo que ele mesmo.

(bricolage literário)

O pegacionismo nasceu com o Brasil.

O amor veio antes da ordem e do progresso.

“Quando o batel chegou à boca do rio, já ali estavam dezoito ou vinte homens. Eram pardos, todos nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse as suas vergonhas. Traziam nas mãos arcos e setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel.” Pero Vaz de Caminha

 

“Se pica-flor me chamais,

Pica-flor aceito ser,

Mas resta agora saber,

se no nome, que me dais,

meteis a flor, que guardais

no passarinho melhor!

se me dais este favor,

sendo só de mim o pica,

e o mais vosso, claro fica,

que fico então pica-flor.”

Gregório de Matos

As almas se batem, mas os corpos, os corpos se compreendem

“Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.

A alma é que estraga o amor.

(…)

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.”(A arte de amar, Bandeira)

“A pele é o que há de mais profundo” (Paul Valéry)

“Quanto mais poético, mais verdadeiro.

[E quanto mais gostoso, mais poético.]” Novalis, inserção nossa

“O homem provavelmente não passa de uma espécie de fenda na ordem das coisas.” (Michel Foucault, “As palavras e as coisas”)

Na dinâmica pegacionista, a boate é o lugar de trabalho de minhas frases: fraseio; “é o corpo olhado, e não mais o corpo escutado, que toma uma função fática (de contato), mantendo, entre a produção de minha linguagem e o desejo flutuante de que se nutre essa produção, uma relação de vigília, não de mensagem. A boate é, em suma, o lugar neutro: é a utopia do terceiro termo, a deriva para longe do par demasiadamente puro: falar/calar-se”. (Roland Barthes)

Como a Antropofagia, o pegacionismo só pode ter ligações estratégicas com Freud. Subscrevemos a reforma terminológica realizada pelo antropófago: “o maior dos absurdos é por exemplo chamar de inconsciente a parte mais iluminada pela consciência do homem: o sexo e o estômago. Eu chamo a isso de “consciente antropofágico”” (Oswald de Andrade, Retificação de Freud, in: “Os Dentes do Dragão”).

(bricolage filosófico)

“Não penso, logo pego.” Descartes

variante “Pego, logo existo” idem

“Pegacionistas do mundo, uni-vos!” Marx

“A pegada atual é a melhor das pegadas possíveis num universo de infinita contingência.” Leibniz

“Sobre o que não se pode falar, deve-se pegar.” Wittgenstein

E, para o Estagirita, deus é pegacionista: move o mundo sem se mover, como o amado move o amante.

O pegacionismo se diz de muitas formas.

1. Teologia pegacionista:

Pelo baixo-ventre, alça-se os céus.

2. Fenomenologia do tempo pegacionista:

I. Peguei.

II. Estou pegando.

III. Vou pegar.

3. Epistemologia pegacionista:

Sensualismo francês.

4. Teleologia pegacionista:

A causa final é como um amante que move sem ser movido.

5. Política pegacionista:

A terceira via é a mais gostosa.

O pegacionismo não é um relativismo. Mas por que deixar de dar umas reladinhas também no relativismo? Ele pode não ser a melhor fundamentação do conhecimento, mas certamente é a mais (com sotaque carioca) goxxxtosa. Uma espécie  de último tango em paris, ou melhor, o último carimbó em Belém, já tramado pelos penetras do (último do império) baile da ilha fiscal.

o pegacionismo é a metafísica alemã e o empirismo britânico levados e elevados à selva. Nada que o sensualismo francês não tenha feito acompanhado de um bom tinto. Os  milhares de milhões de chineses(as) são a prova cabal do pegacionismo. Daí sua universalidade, ou melhor, sua pegabilidade.

Todos sabem que quem não tem lugar à mesa certamente no cardápio está. O pegacionismo, agora assentado, não retirou sua carne do cardápio. Queremos ser devorados … curvar a tradição (como “la prière d’insérer” do livro do Bataille) (*dar uns amassos na tradição – daí o princípio “pegue mas não se apegue”)

Sem o baixo ventre os humanos alçariam os céus.

Não existe ninguém sem o baixo ventre

Logo,

Todos somos pegacionistas.

O pegacionismo é o axé que faltava ao kama sutra, a pilantragem ausente (jamais alcançada, apenas sonhada, e não confessada, por aquele insípido macarrão de hospital chamado jurgen werther) ao jovem Werther e, porsupuesto, aquela apalpadinha (caliente) safada (mão boba ontológica) na leveza do ser. Não por acaso as últimas palavras de um(a) eminente pegacionista foram: (com voz rouca, aveludada) “saibam que minha vida foi…. uma delícia!!!”

A essência do pegacionismo é a transitoriedade: os critérios são provisórios, as certezas efêmeras.

Há comunismo e há o comenismo.

(sensualinguística e teoria erótico-literária)

Pegar, verbo bitransitivo.

O corpo leva ao misticismo ou o misticismo leva ao corpo?

Na poesia arcaica, a palavra manifestava a ordem cósmica; hoje a palavra consubstancia o cosmo, a palavra se fez ato.

Antes, a linguagem servia para mostrar as fissuras da alma. No pegacionismo, revela as dos corpos. Com efeito, o pegacionismo se preocupa muito com a língua, que muito além da linguagem, revela o corpo.

Há poetas que voltam-se para o passado. Outros, para o presente. O poeta pegacionista volta-se para o futuro, próximo e palpável.

Hoje, na literatura, todo mundo está tentando se enfiar no entrelugar.

Pé cá, pé lá.

ou melhor pecado, pelado.

Em síntese, a vida é fluxo, ou pelo menos deveria ser.

E o vazio imaginário, cada um preenche como bem quiser.

A estética se destila na mesa do boteco.

(física da pegada)

Segundo a dialética do atrito, no contexto pegacionista, a disputa é uma distensão temporária que levará os corpos a se aproximarem ainda mais.

Sob o ruído das cidades, os corpos não se escutam – o que se propõe é o passeio, não a interlocução.

De fundamentação safada, a perspectiva pegacionista representa uma virada gostosa …

(vox populi)

Bem diz a sabedoria popular:

Caiu na rede, é peixe.

Na noite, todos os gatos são pardos.

Aquilo que sabe bem ou é pecado ou faz mal.

Mãos frias, coração quente.

A noite é boa conselheira (mais que boa, ótima!).

(pegacionismo cósmico)

O pegacionismo implica o mordecionismo; pegar sem morder não é pegar.

Vivam os antropófagos, que nos ensinaram a devorar o outro, ou melhor, seu corpo!

Viva a brasilidade que deu ao mundo o cosmopolitismo antropofágico!

o manifesto pegacionista é de um cosmopolitismo enraizado. Situado no espaço e tempo, uai: aqui, agora, o que rolar.

N. B. O pegacionismo não é irrefutável, mas é irresistível.

h.linea@yahoo.com

compêndio de astroliteratura, cap. XI: os gêneros astroliterários parte 2

“porque o que faz mal é o papelzinho” maria alice vergueiro, em “tapa na pantera” (2007).

1. querides leitores, vocês são grandes gostoses. por isso, merecem uma rara continuação textual. ei-la. aproveitardes.

2. são textos librianos os poemas de rima pobre, plagiados e decorando uma fotografia.

3. não quero dizer nada, mas os romances de banca, nem sempre muito bem apreciados pelo público e a crítica, mas que todo mundo gosta de ler escondido, são estereotipicamente escorpianos.

4. de artigo de revista a almanaque de rodoviária, o texto curto que dê uma viagem está para sagitário.

5. é de capricórnio aquele compêndio bem pesado, tipo vade mecum, gramática ou atlas anatômico.

6. sabe aquele texto nada a ver, que parece uma fofoca? a crônica é o texto de aquário.

7. de peixes é a bíblia, já vem organizada em versinhos facicos de ler.

8. datilografia e autocrítica de lina, mãe do povo alfabetizado e putanheiro.

9. assinatura por procuração e alvará de babi, consultora astrológica.

10. salô, tão desarvorada e caliente.

11. “krl a brisa de vcs é forte. amei o sacolismo” comentário carinhoso da leitora misteriosa.

12. a leitora anterior, que calha de ser tamb´ém atualmente a única, reservamos também o direito à crítica da crítica, que é a que segue.

12.1 virginianos e as resenhas. incluiria também o gênero palestra e os documentários sócio-históricos, já que romances históricos são de gêmeos e tem aí o viés mercuriano, o que dá uma brecha pra dizer que são dois signos fofoqueiros de primeira mão.

12.2 fica a pergunta, consignada neste texto, no parágrafo que se segue.

13. o que eu quero saber disso?

compêndio de astroliteratura, cap. XI: os gêneros astroliterários parte 1

destacada
exemplares

  1. então, convencionou-se utilizar, para fins culturais, educativos e de entretenimento, a classificação lítero-astrológica, que permaneceu válida até meados do século XXII, quando se tornou obsoleta após a extinção dos rudimentares livros de papel.
  2. eis o que prescrevia o anuário bruzundanguense da academia de ficcionistas autônomos (ABAFA), de 2947.
  3. antes de começar o que já começamos, cabe um esclarecimento de primeira ordem: acrescentamos, pois, que são de boa vertente todos os textos do recanto do zodíaco e além, posto que ninguém está aqui pra dizer o contrário.
  4. feito o esclarecimento, continuemos.
  5. nascido sob a égide do cabrito, portanto situada na primeira fileira da arquibancada celestial, é de índole ariana o gênero afoito, às vezes desleixado, às vezes detalhista, muito impulsivo e sem pretensão de terminar bem. neste ramo, são acolhidas manchetes e todas as folhas internas de tabloides (jornais baratos para o povão, segundo alguns, narrativas refinadas, segundo o fortunato) a romances policiais complicadíssimos e povoado de efeitos de suspense banais.
  6. aquele livrão de culinária vistoso, em posição de destaque na vitrina da loja, com uma profusão de páginas recheadas de imagens sedutoras, porém não comestíveis, é tipicamente gênero taurino o livro de receitas, indo dos requintes bechamélicos à generosidade da mortadela e da farofa.
  7.  gênero geminiano autêntico é aquela que tem o maior número de mentiras e, ao mesmo tempo, não contradiz a mentira anterior com a seguinte. garante, portanto, a verossimilhança. tão tinhoso que pode ser tanto um romance histórico quanto a matéria completa na página 7 do suplemento de domingo.
  8. não há registro de telenovela que não seja canceriana. se a novela acaba, começa uma mais maravilhosa e, assim, sucessivamente. se prestar bem atenção, todas são a mesma novela. como um grande melodrama a conta-gotas.
  9. autobiografias são leoninas.
  10. obviamente virginiana, qualquer resenha que se preze precisa tratar de todo assunto de forma isenta e, de preferência, detectando aquilo que mais agrada ou mais detesta, para poder dar uma opinião baseada em critérios objetivos, puros e inquestionáveis.

ass.: m. & l.

história da república da bruzundanga – capítulo dos presidentes

ahazando no visual futurista, tendência artística do início da revolução.
ahazando no visual futurista, tendência artística do início da revolução, o professor suplicy, presidente da bruzundanga.

no capítulo “história momentânea” da enciclopédia bruzundanguense consta, lavrado em escarlates tipos, para glória da nação, o registro de posse, no primeiro dia do vigésimo quinto anno da revolução, no cargo de presidente da república, do professor eduardo suplicy.

ass.: val, historiadora & crítica literária, para o seu governo.

manual prático de revitalização para o seu estuprador de estimação

da internet diretamente para vocês e para o mundo.
da internet diretamente para vocês e para o mundo.

bruzundanga, 28 de fevereiro do trigésimo terceiro anno da revolução

siga as instruções.

1 dê banho.

introdução: de onde tira-se subsídios para dizer que é possível revitalizar um estuprador

primeiramente, é preciso apontar que, considerada a dinâmica entre as estratégias e as táticas revolucionárias, fica evidente a total, completa e indubitável ineficácia das ongs no que se refere à revitalização dos estupradores em geral. o que diremos dos de estimação?

2 corte os cabelos e demais excedentes

além disso, resta clara a atual postura igualmente ineficaz da presidenta dilma, que, para todos os efeitos, não é suficientemente feminista, nem suficientemente mulher, nem suficientemente presidenta, nem suficientemente dilma.

3 passe desodorante.

trata-se, portanto, de claro e evidente ataque às organizações auto-organizadas dos movimentos a partir de estratégias e táticas, sempre separadas umas das outras por questões não tão evidentes, nem claras.

4 passe uns textos.

manuseio e trato do seu pet: defesa e apenas as implicações práticas

não se pode deixar de lado a possibilidade sempre presente da ação oportunista dos defensores de direitos humanos oportunistas que acham que estupradores devem passar pelo processo trauma-burocrático que consiste em pagar pelos seus crimes sob o estado democrático de direito, o que não vem ao caso.

5 passe uns vídeos.

podemos comparar a aquisição de bagagem politizada sobre o movimento, as táticas, as estratégias e a organização a uma montanha. cada uma está em um lugar diferente da montanha e se conversam quase nada. daí a disparidade do discurso. mas o debate é importante.

6 testemunhe o choro copioso e sem contato visual direto.

com boa vontade,  podemos implementar táticas para evitar o punitivismo burguês e proliferar o espírito crítico-investigativo do revolucionário de reserva com a apreciação de peças cinematográficas com ou sem evidentes “morais da história”, mas que valem igual. a iguaria pode ser acompanhada de uma miscelânea de folhas, preferencialmente com textos que abordem as mesmas questões dos filmes.

7 emita parecer favorável, com testemunho de defesa da testemunha de acusação

entendemos que o indivíduo que não é bem quisto pela coletividade precisa ser ressocializado imediatamente, independentemente da vontade desta coletividade na sua quase totalidade. não vemos ações, mas corações.

8 aprove por unanimidade

não podemos deixar de lado nosso ideário religioso milenar, no qual consta que somos todos seres sujeitos ao meio e aquilo que “a natureza dá”, que pode ser maçã, cobra e Tentação™ ao mesmo tempo, sem ser no programa do sílvio santos, ainda é uma possibilidade.

9 defenda seu pet como se ele fosse a sua própria causa.

ass.: messalina, conselheira virtual para as causas revolucionárias perdidas
soraya, sem paciência pra quem tá indo pro lado errado

ps: higiene é bom.


atualizaçã:

a partir deste momento, teje decretado, em toda a bruzundanga, que a definição de “novos valores” na sacoleta, a enciclopédia ilustrada, passa a ser a que segue.

legenda desnecessária.
legenda desnecessária.

loc. adj. omitir, deliberadamente, crimes às autoridades públicas, atuando em nome da vítima e atropelando o estado democrático de direito, em que apuração, julgamento, condenação, cumprimento da pena e reabilitação são funções exercidas pelos poderes ao estado e somente a ele concedidos. caso contrário, a pena de linchamento, muito comum nas veredas brasileiras, seria uma “correção” aceitável, como de fato o é para populações ensandecidas contra criminosos (supostos ou não)  em geral.

ass.: val

 

verbete aleatório da enciclopédia bruzundanguense

Bandeira_da_Requiânia

 

como a internet pode ser lida de trás pra frente (fica a dica), você tem acesso parcimonioso, como deve ser, de mais um verbete de nossa gloriosa enciclopédia bruzundanguense. não existem níveis seguros para consumo destas substâncias.

 

sociedade (s. f.) você trabalha no Estado para manter gente que usa os serviços do Estado e, ao mesmo tempo, paga para o Estado (e você, consequentemente) para continuar tendo estes serviços. e você também recebe os serviços e paga por eles. num ciclo sem fiiiiiiiiiim

 

ass. lina, signatária da carta da revolução socialista bruzundanguense

bodas do governo da internet pós-pindorâmica

governo de pindorama logo depois da invasão pelos portugas.
governo de pindorama logo depois da invasão pelos portugas.

hoje comemoramos dezessete primaveras do nascimento do governo da internet. o governo tomou posse efetivamente a partir de 2007, quando publicou massivamente o mapa de suas posses interneticas. o governo foi eleito pelo seu poder de síntese da cultura estruturada, enquanto nas realidades não interneticas, o que elege ou defenestra governos tem sido o alcance do que fazem em relação (proporcional, nunca total) ao que prometeram na campanha, isto e, os governantes são eleitos por tantas e diversas qualidades, como a belleza, o trabalho, etc. eventualmente alguns entram pela porta dos fundos. naturalmente, o governo da internet não tem fronteiras terráqueas. seu alcance serve apenas a um limitado percentual populacional, devido ao bloqueio de acesso proposital feito pelos que criaram as traquitanas interneticas como forma de doutrinação a distancia, o que acabou por tornar-se uma massa amorfa que cuida de desgovernados súditos, cujos gostos são registrados pelo governo e usados para atrair os súditos para arapucas comerciais infalíveis.

por outro lado, a nacao bruzundanguense vai de vento em popa (mais vento que popa) e distribuiu, por todo o territorio, exemplares da magna carta. esta disponivel para todos, desde que se sujeitem aos usos e costumes (termos&condições) da supranacional entidade estatal internetica supracitada.

ass. lina